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As capitais de Goiás

Você sabia que nem sempre a capital do estado de Goiás foi Goiânia? Antigamente, a capital de Goiás era a cidade de Goiás, popularmente conhecida como velha Goiás, que foi fundada em 1727 pelo bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva e foi a primeira cidade do estado de Goiás, primeira capital do estado de Goiás. Seu primeiro nome foi Arraial de Sant’Anna com apelido de Goiás Velho, posteriormente recebeu o nome de Vila Boa de Goyas e em 1918 se tornou a Cidade de Goiás.


Foto da cidade de Goiás, com uma catedral ao fundo e os morros verdes da cidade mais ao fundo.
Cidade de Goiás. (Foto: Fábio Lima / O Popular)

A prosperidade da cidade ocorreu durante a época do ciclo do ouro. Após este período, a justificativa de manter a Cidade de Goiás como capital do estado de Goiás não era mais percebida como conveniente e as cidades do sul do estado ,que eram mais relacionadas com o desenvolvimento da agricultura e a criação de gado, começaram a chamar atenção.


Localizada há pouco mais de cento e quarenta quilômetros da atual capital (Goiânia), a cidade de Goiás possui construções com arquitetura colonial em suas casas sendo muitas de pau-a-pique e um vasto histórico cultural. A cidade recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em âmbito mundial, em dezembro de 2001, segundo o portal ALEGO.


A mudança de capital


Em 1750, o Conde dos Arcos, primeiro governador da província de Goiás, sugeriu a mudança da capital do estado ao rei de Portugal para o município de Meia Ponte – atual Pirenópolis – mas foi na década de 1930, com a revolução liderada por Getúlio Vargas que se realizou uma aliança com figuras políticas goianas e houve a nomeação do médico Pedro Ludovico Teixeira como interventor do estado de Goiás, e o mesmo, buscando uma inovação no estado e também impulsionar a ocupação da região com baixa demografia, resolveu-se colocar o projeto de mudança de capital em ação.


A mando de Pedro Ludovico foram realizados estudos “nas localidades de Bonfim (atual Silvânia), Pires do Rio de Ubatan (atual vila de Erigeneu Teixeira, em Orizona) e Campinas (atual bairro de Campinas)” e a região mais favorável foi da “uma fazenda localizada nas proximidades do povoado de Campinas como o local ideal para construção da nova capital”, relata o website oficial do Governo de Goiás. Desta forma estava escolhida a região da nova capital do estado de Goiás, que seria construída de forma planejada.


No dia 24 de outubro de 1930, data em que o presidente Washington Luís foi deposto e Getúlio assumiu o poder, “foi lançada a pedra fundamental para a construção da nova cidade”. Cidade esta planejada, com bairros mais tradicionais denominados de “setores” (exemplo “Setor Bueno”, “Setor Garavelo”, “Setor dos Bandeirantes”), muitos parques, nomes de rua de letras e números, (exemplo Rua A-7, Avenida T-9, Avenida T-10, Rua C-87).


Foto histórica de Goiânia.

O nome sugerido para Goiânia seria “Petrônia” em homenagem ao fundador Pedro Ludovico, mas o jornal “O Social” fez um concurso cultural para a escolha do nome. Os nomes que concorreram foram “Petrônia” e “Goiânia”, e apesar do primeiro nome ter sido escolhido por 68 leitores do jornal contra dez votos em “Goiânia”, Pedro Ludovico, por razões não reveladas a ninguém, decidiu por Goiânia e em decreto de 2 de agosto de 1935 formalizou o nome da nova capital. Goiânia (“Goia” [de Goiás] mais Nea [do latim “neo”, novo]. Em resumo: “Nova Goiás”)”.


O decreto de número 1816 em 23 de março de 1937 oficializou a transferência da capital do estado de Goiás. Não muito tempo depois, em 5 de julho de 1942, aconteceu o evento oficial do sacramento da transferência, no Cine-Teatro Goiânia, um dos prédios mais emblemáticos da capital.


Personalidade histórica da cidade de Goiás


Cora Coralina, de gentílico goiana ou vilaboense, nativa da Velha Goiás, premiadíssima com suas obras, foi uma escritora, poetisa e contista de grande nome para a literatura brasileira, abordando muito em suas escrituras a cidade onde nasceu e viveu grande parte de sua vida, tornando-a bem conhecida. Nas obras, além dos relatos sobre a cidade de Goiás, ela também abordava temas e personagens marginalizados, colocando-os em protagonismo, tema muito marcante em suas obras.


Conforme observado no site do Caminho de Cora Coralina, após muitos estudos sobre os acontecimentos abaixo citados, foi criada uma trilha de trezentos quilômetros de extensão que engloba 8 cidades do estado de Goiás, são elas: Corumbá de Goiás, Pirenópolis, São Francisco de Goiás, Jaraguá, Cidade de Goiás, Cocalzinho de Goiás, Itaguari e Itaberaí.

  • “A Jornada a Goiás de Luís da Cunha Menezes, desde Salvador, em 1778”, quando este veio empossar-se no Governo da Capitania de Goiás;

  • Os livros “Viagem à Província de Goiás” e “Viagem ao Interior do Brasil” dos naturalistas Auguste de Saint’Hilaire e Johan Emanuel Pohl respectivamente, que passaram por esses caminhos entre 1818 e 1821;

  • “Viagem às Terras Goyanas”, de Oscar Leal, extraordinário relato escrito nos anos 1880;

  • “Relatório Cruls” – Relatório da Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil que explorou, entre 1892 e 1893, uma ampla região do entorno do Distrito Federal para definir a localização da nova Capital do Brasil.

Esta trilha com início em Corumbá de Goiás – GO e término na Cidade de Goiás, foi denominada de “Caminho de Cora Coralina” em homenagem a escritora vilaboense. É uma trilha que exige repouso e muita preparação, realizada por corajosos ciclistas e caminhantes. Além disso, a cidade possui muitas cachoeiras, rios, atrativo para visitantes.


Goiânia marcada no mundo


Após 54 anos da fundação da nova capital, neste ano de 2022 completou-se 35 anos do acidente que aconteceu em setembro de 1987 em Goiânia, intitulado como o maior acidente radioativo no Brasil, conhecido mundialmente como Césio-137 (137Cs). À luz clara, o isótopo radioativo (Césio-137) visualmente é branco, mas no escuro, ele emite um brilho azulado. O Césio pertencia a um aparelho que, segundo o físico que foi responsabilizado pelo acidente, Flamarion Goulart, deveria estar no ACCG – Associação de Combate ao Câncer de Goiás, Hospital Araújo Jorge, conforme a entrevista que o Goulart permitiu ao Fantástico.


Wagner Mota Pereira e Roberto Santos Alves, dois catadores de materiais recicláveis, encontraram este aparelho em uma clínica abandonada. Este aparelho, que encheu os olhos dos dois ao imaginarem a venda para um ferro-velho, continha Césio-137, o qual já que era utilizado em terapia para tratamento de câncer. O Césio-137 é uma variação (isótopo radioativo) do césio com número atômico de massa (A) 137, formado por uma divisão nuclear de dois elementos pesados sendo Urânio e Plutônio. O Césio-137 é muito nocivo ao ser humano, já que emite partículas "ionizantes e radiações eletromagnéticas capazes de atravessar vários materiais, incluindo a pele e os tecidos do corpo humano, interagindo com as moléculas do organismo e gerando efeitos devastadores", conforme publicado no site do Brasil Escola.


Desta maneira, percebeu-se que o aparelho poderia causar danos muito graves à quem teve acesso a este elemento químico, porém só depois que muitas pessoas já tinham tido contato com o elemento . Na época, houveram quatro mortes, sendo uma delas uma menina que esfregou o pó na pele e o ingeriu com toda felicidade. Cento e cinquenta e uma pessoas foram contaminadas gravemente, 1.143 pessoas afetadas com o chamado “pózinho mágico”. As pessoas afetadas foram isoladas e levadas para hospitais e um prédio de uma antiga Febem na cidade do Rio de Janeiro.


A gravidade do acidente não foi só no corpo, mas emocionalmente e psicologicamente, fruto do preconceito reproduzido pela sociedade. Até os dias mais atuais, há moradores que levantam a suspeita de que pessoas próximas aos que morreram de câncer pode ter alguma correlação com este acidente, mesmo anos após o ocorrido.


O INCA (Instituto Nacional de Câncer) previu em um estudo para 2020 que o estado de Goiás estaria entre os dez estados brasileiros com maior casos de câncer, sendo o único na lista do centro-oeste brasileiro. Já o site da Abificc (Associação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Combate ao Câncer), a partir de um estudo realizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), estimou que em 2030 no Brasil teria a “ocorrência de aproximadamente 576.580 casos novos de câncer, incluindo os casos de pele não melanoma, reforçando a magnitude do problema do câncer no país. Sem contar os casos de câncer da pele não melanoma, estima-se um total de 394.450 mil casos novos.”


Em conversa com o cineasta brasileiro renomado Ângelo Karlitos Lima, trouxemos algumas de suas observações e considerações sobre uma possível relação entre o câncer na cidade de Goiânia com o acidente do Césio-137 para esta coluna, em parceria com o projeto Desbravando Capitais:



Além deste vídeo, abaixo mais sugestões sobre o tema:


Aplicação de Césio-137


Segundo o site Mundo Educação, o Césio-137 pode ser aplicado em:

  • "equipamentos de radioterapia no tratamento de enfermidades, como o câncer";

  • "esterilização em escala industrial";

  • "preservação de certos alimentos, como frutas e carnes";

  • “diversas aplicações na área industrial e na área médica”;

  • eliminar “fungos e bactérias que ocasionam a deterioração dos alimentos, como por exemplo a salmonela”.


Fica a dica


Goiânia tem um painel sobre "Como Nasceu Goiânia". Se quiser vê-lo inteiro, acesse o Google Maps e digite em destino: -16.68260, -49.25692

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Texto escrito por Fabiana Mercado

Pós graduada em Comunicação e Marketing Digital, formada em Publicidade e Propaganda, acumula mais de 9 anos na área, colunista do Zero Águia, curiosa, preza o respeito a todas as pessoas independente de características. Nas horas vagas pratica corridas com o apoio da equipe Superatis. Adora conhecer novas pessoas e lugares, ama viajar e possui um projeto denominado Desbravando Capitais com o marido para morar e vivenciar durante um mês em todas as capitais brasileiras nos próximos anos.

 

Fontes






















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