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Eleições na Costa Rica: Economia e Sociedade

Atualizado: 5 de out. de 2022

No dia 03 de abril (domingo) ocorreram as eleições na Costa Rica, o país mais próspero da América Latina. O país, onde a votação não é obrigatória e teve uma abstenção de mais de 40%, estava dividido entre dois candidatos.

O candidato de direita Rodrigo Chaves venceu o segundo turno e foi eleito presidente da Costa Rica. Imagem: Luis Acosta/AFP

O país teve um total de 25 presidenciáveis nesta eleição, um recorde histórico, visto que a população gira em torno de 5,2 milhões. O presidente anterior, Carlos Alvarado, do PAC (Partido Acción Ciudadana), não se candidatou porque a Constituição não permite reeleição.


O primeiro candidato, Jose María Figueres, filho de um ex-presidente muito respeitado no país, do PLN (Partido Liberación Nacional), é mais conservador e, de acordo com suas propostas, pensa mais em trazer investimentos para o país, abrindo caminhos para empresas estrangeiras entrarem em território costa-riquenho.


O segundo candidato, Rodrigo Chaves, nunca trabalhou em cargos públicos, mas tem um vasto curriculum como economista e consultor internacional do Banco Mundial. O candidato é do PPSD (Partido Progreso Social Democrático). Eleito com 52,8% dos votos, Rodrigo Chaves foi eleito presidente da Costa Rica neste domingo.


Contexto Social e Histórico do candidato


A Costa Rica é um país que tem quase 100% de sua população alfabetizada, antes da pandemia estava em primeiro lugar no continente no ranking de esperança de vida e é líder mundial em relação aos programas de proteção ao meio ambiente. Apesar de tantos pontos positivos, o país ainda sofre muito com a pobreza, pois todo seu bônus não chega à maioria da população, sendo o Estado em 5º país mais desigual da América Latina e o 19º em desigualdade social no mundo. Esse é o país em que o atual presidente terá que trabalhar.

Chaves tinha antes apenas 5% das intenções de voto mas, devido ao histórico de corrupção de seu maior concorrente, essas intenções aumentaram conforme chegava o dia das eleições. Trabalhou como ministro da Fazenda do último presidente, Carlos Alvarado, mas abandonou o cargo por discordar de algumas atitudes do governo. Sua popularidade cresceu devido às suas propostas de governo, como: reforma fiscal, aumento do valor da aposentadoria, cuidar mais do meio ambiente (ponto importante para um país dependente do turismo ecológico), penalizar a corrupção e aumentar o acesso da população aos pacotes de crédito de bens e serviços básicos. Chaves tinha tudo pra ser a escolha perfeita para o país, pois é populista, quer acabar com a corrupção intrínseca no país e tem formação universitária como economista. Mas por que não é a escolha perfeita?


O candidato teve muitas e graves acusações de abuso sexual por parte de colegas de trabalho, inclusive dentro do Banco Mundial. No banco, ele foi proibido de entrar, através de uma liminar na justiça, pois suas colegas mulheres não queriam trabalhar com ele por medo do abuso que outras profissionais sofreram no período em que o homem foi consultor internacional do organismo.


Apesar de todas as acusações feitas ao presidente, ele foi eleito. A população preferiu votar em alguém “novo”, que não fizesse parte da política tradicional, que não tivesse histórico de corrupção e que tivesse formação acadêmica no tema que mais preocupa o país nesse momento pós-pandêmico: a economia. Você consegue perceber alguma semelhança com outro país?


Eleições brasileiras


Sim, o Brasil. O atual presidente Jair Bolsonaro ganhou as eleições em 2018 com um discurso muito parecido, prometendo o “novo” e acabar com a corrupção.

Por uma terrível experiência própria no assunto, sabe-se que esse tipo de discurso esconde outras intenções e ações por trás, já que o que se promete nunca é cumprido, e cada vez mais o Brasil se vê submergido em escândalos de rachadinhas, cheques, casas milionárias e chocolate.


Por enquanto o Brasil tem (de acordo com avaliação feita em 01º de abril) 11 pré-candidatos à presidência da República. Apesar de estar bem polarizado, a população terá um leque interessante de opções sendo que esses candidatos podem mudar, ou ser mudados de acordo com a prospecção de seu partido, até outubro, mês das eleições no país.


O pré-candidato João Doria, que já desistiu da candidatura e voltou atrás neste curto período do ano, se anuncia como uma “terceira via”, já que os principais candidatos são Luiz Inácio Lula da SIlva e Jair Bolsonaro. Ambos candidatos têm uma popularidade muito grande, de uma forma boa e ruim, de acordo com seu próprio e fiel eleitorado. Assim, Doria vende seu peixe, alegando ser uma opção viável à esses candidatos.


João Doria, atual governador da cidade de São Paulo, tem a seu favor a maneira como lidou com a pandemia, colaborando fortemente no tema das vacinas, viabilizando projetos do Instituto Butantã para a fabricação das vacinas contra o Covid-19.


É sabido que o Brasil não está em sua melhor fase neste ano de eleições, com o dólar flutuante e o nível de desemprego altíssimo, então essas eleições de 2022 terá uma votação baseada em paixões, diretrizes políticas e polarização.


Isso é algo muito perigoso, já que pessoas guiadas pelas paixões tendem a não ver as coisas de uma maneira ampla e global, como a política deve ser vista. As eleições devem ser encaradas como algo sério e que decide literalmente o futuro de todos, onde todos devem exercer seu direito (e dever) de votar, escolhendo democraticamente seu representante.


Parafraseando o filósofo Platão, não há nada de errado com as pessoas que não gostam de política; elas simplesmente serão governadas pelos que gostam.


E não adianta reclamar depois.

 

Fontes:


Vídeo da BBC sobre Rodrigo Chaves: https://www.youtube.com/watch?v=iBixR4n76cU&t=6s


Artigo contando sobre a carreira de Rodrigo Chaves: https://costaricamedios.cr/curriculo2022/rodrigochaves










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