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Etarismo e sua relação com o bolsonarismo

Etarismo é a discriminação estereotipada por idade contra indivíduos ou grupos etários. Também é chamado de ageísmo (oriundo da palavra age, que significa idade em inglês).

Na pandemia da Covid-19, a população idosa foi uma das mais impactadas. Reprodução: Kenneth Tecson

Sabe-se que quando começou a pandemia de Covid-19, as pessoas tiveram que ficar isoladas, já que não tínhamos vacina e nem remédios disponíveis para o vírus e era algo desconhecido. Nesse isolamento, houve um grupo de pessoas que continuou trabalhando: aqueles que estavam na faixa etária considerada “útil” no mercado de trabalho. Esta parcela continuou basicamente as suas atividades pois alguns estabelecimentos não puderam parar, sobretudo os considerados serviços essenciais; mercados, hospitais, meios de transportes entre outros. A maior parte dos trabalhadores brasileiros têm entre 25 e 49 anos de idade e essas pessoas em grande parte seguiram sua rotina de atividades.


Mas existe uma faixa etária que ficou um pouco à margem da rotina, de modo que sua rotina incluía somente ir em lugares como padaria, banca de jornal, passear ou visitar a família: os idosos. De acordo com o Estatuto da Pessoa Idosa, o cidadão com idade igual ou superior a 60 anos é considerado idoso.


E qual é a relação desse tipo de discriminação com o bolsonarismo?


O idoso, quando se viu fora de sua rotina, acabou por ceder a algo que normalmente tem alguma dificuldade; a tecnologia. Com esse acesso e tempo livre, os idosos foram presas fáceis para a disseminação de fake news e teorias da conspiração. Isso se deve muito ao etarismo, pois em muitas casas o idoso não tem voz, não é escutado, não tem importância no âmbito familiar. Comumente o idoso é chamado de “velho”, “antiquado” e as pessoas pensam que não têm importância qualquer coisa que eles falam.


O lado negativo da internet achou uma brecha nessa questão e o idoso, em sua vulnerabilidade, acabou caindo nessa rede. Lembrando que quando falamos vulnerabilidade do idoso, não relacionamos a idade, mas sim a sua falta de acesso anterior ao bombardeio de informação que temos disponível na internet, já que a pessoa idosa normalmente tem uma certa dificuldade com aparelhos tecnológicos. Quem nunca ouviu um idoso falando que na época dele não era assim, era mais fácil, não precisava de tanta bugiganga. Assim, dentro desse contexto, o bolsonarismo encontrou uma abertura para adentrar e disseminar seus ideais.

Dificuldade com a tecnologia pode ter relevância da relação bolsonarismo x etarismo. Reprodução: Depositphotos

Baseado em Deus, pátria e família (nos fazer recordar bastante das manifestações na época da ditadura), o bolsonarismo sempre tentou angariar seguidores dizendo que seus ideais cristãos e de família são os corretos, que o mundo está deturpado e que qualquer outro governante além do ex-presidente Jair Bolsonaro, que perdeu a disputa eleitoral para um novo mandato, não serve para governar o país, colocando-se, desse modo, como um legítimo “representante de Deus”.


Os idosos, tendo acesso a todo esse tipo de informação e não sabendo muito bem lidar com essa enxurrada de notícias e artigos, muitas vezes sem ser ouvidos em seu próprio lar acabam se isolando, tanto em casa quanto em grupos que acessa na internet. Ali, diferente do seu âmbito familiar consegue ser reconhecido e relevante, mesmo que com a ilusão de que está defendendo algo maior influenciado por notícias falsas.


Além do bolsonarismo, os famosos coaches de lifestyle ganharam renda fácil e falsos profetas agarraram esse novo público e abocanharam a sua atenção. Por isso, nas cenas terríveis que vimos da destruição de Brasília em janeiro de 2023, notamos que há também muitas pessoas mais velhas se sentindo como baluartes dos bons costumes e preservadores do conservadorismo ao serem manipuladas por uma espécie de mundo paralelo.


A grande parte dessas pessoas simplesmente estão sendo levadas pela desinformação e sentindo uma falsa sensação de pertencimento, já que o bolsonarismo os fez se sentirem importantes e ouvidos. No entanto, o bolsonarismo mostrou também que a colaboração delas fará uma grande diferença para sua pátria, o Brasil.


E qual é a solução para acabar com o etarismo?


Para acabar com esse tipo de discriminação, é necessário a responsabilidade da sociedade e da família, uma vez que o termo etarismo surgiu para combater esse preconceito. Diante disso, ouvir, conversar, valorizar e dar importância às opiniões e pensamentos é o primeiro passo para eliminar o etarismo da nossa sociedade.

Vale lembrar que todos são importantes e, em muitos momentos da vida, precisamos da opinião e experiência de vida das pessoas ao nosso redor.


 

Texto escrito por Caroline Prado

Professora de Cultura Brasileira e Português para Estrangeiros, internacionalista, estudante de Filologia e Línguas Latinas, Embaixadora do Projeto Líbertas Brasil na Costa Rica, apaixonada por plantas, livros e fontes confiáveis.


Revisão textual realizada por Mateus Santana

Mestre em Linguística e graduado em Letras com habilitação em português/francês pela UNESP. Especialista em Grafologia e Neuroescrita pela Faculdade Unyleya. Amante das Artes, da Linguagem e do Discurso


Edição e arte por Katiane Bispo

Formada em Relações Internacionais com especialização em Políticas Públicas. Integrante do Projeto Líbertas Brasil e é podcaster no programa "O Historiante".



 

Fontes




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